Reabilitação no Alzheimer: perguntas e respostas

10/01/2019 19:08

 

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Este artigo objetiva apresentar de forma clara e concisa, as principais dúvidas a respeito do Alzheimer e o processo de reabilitação. As respostas são trechos retirados dos artigos científicos que você poderá conferir na íntegra no final da página.

O que é psicoterapia e quais os benefícios para o indivíduo diagnosticado com Alzheimer e seus familiares?

A psicoterapia é um processo que envolve um conjunto de conhecimentos técnicos e métodos utilizado pelo profissional psicólogo para intervir nos sofrimentos psíquicos. Por meio da psicoterapia há o acolhimento do sofrimento, medos e anseios, o auxílio na compreensão do novo contexto que virá e, os processos reabilitatórios, contribuirão na tentativa de retardar o processo neurodegenerativo e otimizar os processos cognitivos que ainda estão preservados e, consequentemente, proporcionar uma melhor qualidade de vida para o paciente¹.

Qual a importância da psicoterapia e da reabilitação neuropsicológica?

Ambas são consideradas novas possibilidades de tratamento capazes de proporcionar novas respostas ao tratamento medicamentoso, que é fundamental para o tratamento da doença. Recomenda-se, inclusive, ainda na fase inicial, que as sessões tenham uma maior frequência. Dessa forma, estimula-se para que o paciente não se esqueça do profissional e para que o laço terapêutico seja estabelecido¹.

Qual a diferença entre reabilitação neuropsicológica e reabilitação cognitiva?

A reabilitação neuropsicológica, além de tratar as disfunções relacionadas à cognição, também oferece métodos de tratamento para as alterações comportamentais e emocionais. Já a reabilitação cognitiva auxilia os pacientes, familiares e cuidadores na convivência e no manejo dos déficits cognitivos resultantes de lesões cerebrais, com foco principal na otimização dos recursos cognitivos através de treinos.

No processo de degeneração cerebral, a memória de curto prazo apresenta-se de forma desorganizada e desconexa. Que tipo de exercício poderá ser realizado pelos familiares e profissionais?

Este tipo de memória só apresentará melhores resultados através de exercícios diários e, um desses exercícios consiste em contar alguma história previamente ensaiada e pedir ao paciente que a reconte. Contudo, deve-se atentar às informações passadas durante o conto e verificar a compreensão exata do idoso, bem como corrigi-lo caso hajam erros no relato da história¹.

Como a musicoterapia pode melhorar a qualidade de vida no Alzheimer?

Através de benefícios no desenvolvimento motor e cognitivo, além da motivação da expressão de sentimentos e do estímulo ao indivíduo para refletir sobre sua história de vida. A música pode proporcionar conforto, estímulo à memória, entretenimento e auxiliar na criatividade. No Alzheimer, auxilia na preservação da identidade e no estímulo de aspectos cognitivos¹.

No momento de crise do indivíduo com Alzheimer, o que fazer?

Evitar ao máximo o confronto com ele. Quando houver divergências entre os cuidadores ou familiares e o paciente, deve-se oferecer alternativas de novos estímulos ou novas atividades que sejam do interesse do idoso, de modo que permita que os cuidados necessários sejam prestados adequadamente pelo familiar ou pelo cuidador¹.

Na fase final do Alzheimer em que o indivíduo fica restrito ao leito (ou cama), por que os familiares e profissionais devem se atentar à mudança de decúbito?

Porque o indivíduo permanece por longos períodos em posição fetal e, em função disso, podem surgir úlceras de decúbito* por todo o corpo devido à compressão dos músculos¹.

*A terminologia “úlcera de decúbito” foi substituída por “lesão por pressão” desde 13 de abril de 2016 pela National Pressure Ulcer Advisory Panel – NPUAP. A Lesão por pressão resulta da pressão intensa e/ou prolongada e de cisalhamento na interface osso-músculo (Parecer SOBEST 01/2018).

Para saber mais sobre lesões por pressão, clique aqui.

Qual o objetivo da reabilitação motora no Alzheimer?

Evitar deformidades e encurtamentos musculares, melhorando a qualidade de vida do indivíduo, auxiliando no aumento de sua independência, mantendo-o mais ativo e com um desempenho motor melhorado, já que a manutenção da capacidade funcional é o mais importante, pois qualquer alteração implicará em importantes consequências na qualidade de vida do indivíduo com Alzheimer².

Quais tipos de exercícios poderão ser aplicados em uma pessoa com Alzheimer?

Treinos de alongamentos, exercícios isotônicos, isométricos e/ou isocinéticos e exercícios aeróbicos são relevantes e direcionados para as disfunções osteoarticulares e para os padrões de funcionamento cardiorrespiratório, uma vez que o indivíduo com Alzheimer acaba ocorrendo a diminuição progressiva da capacidade funcional da fala, da respiração, da expansão torácica e da função venosa².

Como o exercício físico impacta na vida da pessoa com Alzheimer?

Resulta em efeitos positivos na cognição, minimizando os riscos de incapacidade associados a distúrbios comportamentais, de sono e humor, além de melhorar a função motora e reduzir a chance de comportamentos, de sono e humor, além de melhorar a função motora e reduzir a chance de comportamentos agressivos. O psicológico do indivíduo também melhora, pois evita o retraimento do paciente, que continua a executar as atividades do seu cotidiano normalmente, sem auxílio de alguém. Assim a prática de 150 minutos por semana, de atividade física, pode atenuar a atrofia cerebral reduzindo os sintomas neuropsiquiátricos. Além disso, o ganho de massa e força muscular é fundamental para o idoso com Alzheimer².

Qual deverá ser a frequência das sessões de reabilitação?

Deverão ocorrer de forma regular e repetidas vezes, de modo que impeça o esquecimento das tarefas, do laço estabelecido entre o profissional e o paciente e, o mais importante, que impeça o agrave das habilidades cognitivas ainda preservadas¹.

Referências

¹ SILVA, Lorena Batista; SOUZA, Mayra Fernanda Silva de. OS TRANSTORNOS NEUROPSICOLÓGICOS E COGNITIVOS DA DOENÇA DE ALZHEIMER: A PSICOTERAPIA E A REABILITAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA COMO TRATAMENTOS ALTERNATIVOS. Revista da Graduação em Psicologia da Puc Minas, Belo Horizonte, v. 3, n. 5, p.466-484, 2018. Semestral. Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/pretextos/article/view/15987. Acesso em: 10 jan. 2019.

² PINTO NETO, Ana Luíza Lírio; PORTELA, Thais Martins; HANSEN, Dinara. ESTRATÉGIAS FISIOTERAPÊUTICAS PARA O CONTROLE DA DOENÇA DE ALZHEIMER: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA DE LITERATURA. Rev Int: Revista Interdisciplinar de Ensino, Pesquisa e Extensão, Cruz Alta, v. 6, n. 1, p.96-108, 2018. Anual. Disponível em: http://www.revistaeletronica.unicruz.edu.br/index.php/eletronica/article/viewFile/7406/pdf_188. Acesso em: 10 jan. 2019.

Por: Ramon Carlos Pedroso de Morais, acadêmico do 8° período de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC); membro do Grupo (Re) Habilitar; diretor administrativo e financeiro da LAENP (Liga Acadêmica de Enfermagem Neonatal e Pediátrica); voluntário na ACAM (Associação Catarinense de Assistência ao Mucoviscidótico – Fibrose Cística).